16 de setembro de 2011

Ensaio

 Desde sempre existiu a necessidade de se dividir o Tempo em unidades distintas, de modo a ordenar sequências de eventos. O modo como os nossos antepassados concretizaram essa repartição é para nós um dado adquirido, mas será infalível?
 Sabemos que um dia "foi feito" para ter vinte e quatro horas, cada hora teria sessenta minutos e assim por diante... Mas se isto fosse mesmo verdade, nunca nos queixaríamos do facto de a) o dia não ter sido longo o suficiente para cumprir todas as tarefas, ou  b) o dia ter sido tão entediante/desesperante que parecia não ter fim.
  
 Proponho que se oficialize uma forma de classificação do Tempo paralela à tradicional: o Tempo segundo os apaixonados e o Tempo segundo os não-apaixonados. É uma concepção muito simples e caso se pertença ao primeiro grupo é ainda mais fácil entender o conceito. (E para que não haja mal-entendidos é importante notar que se pode estar apaixonado de diferentes maneiras e feitios).
 Quem já deu por si a desejar mais uns minutos perto de quem ama, a pensar que a manhã chegou muito cedo e não apetece acordar, a desiludir-se porque  "oh-já-são-estas-horas?-a-conversa-estava-tão-boa-que-o-tempo-passou-a-correr"? Eu já, vezes sem conta. Este é o Tempo daqueles que são enamorados pela vida. A estes o Tempo nunca chega para mais um beijo, um sonho ou uma gargalhada. 
 Mas o que será que se sucede com os não-apaixonados? Para estas pessoas o Tempo decorre lentamente, parece até que não passa. É costume existirem queixas, suspiros e até refilam... mas nada acelera o seu Tempo. É natural, todo o Tempo parece demasiado quando se está "des-apaixonado". Se não gostamos de uma tarefa (ou de alguém) o Tempo dedicado a ela é sempre interminável. Mas cuidado. Este Tempo também surge quando no fim da linha está o nosso propósito: uma viagem de onze quilómetros torna-se infindável se vamos ter com o namorado; o relógio pára de funcionar quando a aula é aborrecida e o Verão se começa a insinuar...  
 Será então que apaixonados e não-apaixonados partilham unidades de Tempo? Creio que não. O que acontece é que faltar a uma aula porque a Primavera em breve termina e os dias estão mais quentes é estar-se "des-apaixonado" pela dormência e o desejo de se estar com a pessoa amada é estar-se "des-apaixonado" pela saudade.
 Apaixonados e não-apaixonados não partilham o Tempo, não; apaixonados e não-apaixonados são um só.

2 comentários:

  1. Ai, tanta paixão!! A minha distinção de tempo é entre: estudantes que passam o dia a estudar vs. estudantes que deviam passar o dia a estudar mas que em vez disso andam no facebook/blogs e afins. Para os primeiros, o dia nunca tem fim. Para os segundos, parece que as 24 horas se reduzem a minutos! Que injustiça!

    P.s. só para dizer que a palavra que me pediram para escrever para o meu comentário ser aceite foi "supinis". Isto não te faz lembrar algo? Tipo, RL e a ilha, talvez?

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  2. Oh, mas quê pá? :P
    Pois... acho que estou mais a 'descair' para o 2º grupo :/
    Supinis? hummm... faz-me lembrar SAPINO, isso sim ;) ehehe
    Beijoooo*

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Tania*